olhos

Só não digo que sou cego, porque tenho dois olhos sãos, com a graça de Deus. Mas é um dilema conflituoso…

Meu nariz sente o cheiro gostoso das flores, o cheirinho quente do cafezinho, mas meus olhos não podem vê-los (os cheiros).

Minha língua sente o gosto de uma laranja, de um saboroso bolo ou de outro bem preparado alimento; mês olhos veem todos os alimentos que como, mas não vejo como eles são. Nunca fui tomate, abobrinha ou batata. Como então saber como é ser um deles?

Meus ouvidos escutam passos. Ouço-os até de muito distante. Tenho uma boa audição. Mas meus olhos não podem ver o que os ouvidos ouvem… Escuto minhas aflições, meus dilemas, escuto o meu coração a bater, escuto quando eu mesmo caminho. Mas não posso ver nada disso, nem mesmo meus passos. Pois, não consigo ver nem a mim mesmo.

Minhas mãos te tocam, meus lábios te beijam, meu corpo inebria em você. Sinto o vento em meus cabelos, e ate se você está ao meu lado sou capaz de te sentir, mas não te vejo.

Meus olhos estão tapados, vendados para eu não ver o mundo com sentimento de destruição. São cinco sentidos inexatos, confusos, impróprios, relevantes, surpresos… que me levam a sentir.

Deixam-me sentir apenas o que eu quero. Apenas o que eu posso sentir.

Sentimento do Mundo, de Carlos ou Cecília… Sentimentos meus que só sinto porque humano sente. E se consente e porque sente, a vida não mente.

Danilo Vizibeli

Escrito em 22 de outubro de 2003.